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Ato político em Corumbiara celebra 25 anos da Heroica Resistência dos Camponeses

No último dia 9 de agosto um vigoroso ato político reuniu camponeses e ativistas em Corumbiara para celebrar os 25 anos da Heroica Resistência Camponesa, marco histórico da luta pela terra no país ocorrida na antiga fazenda Santa Elina, localizada no interior do município. Cerca de 20 ativistas de várias partes de Rondônia concentraram-se na praça central da cidade, para exaltar esta batalha histórica. Representantes da ABRAPO – Associação Brasileira de Advogados do Povo, do DCE – Diretório Central dos Estudantes, da Executiva Nacional dos Estudantes de Pedagogia, bem como camponeses de várias áreas revolucionárias, fizeram intervenções honrando os camponeses que verteram seu generoso sangue na luta por um pedaço de terra para viverem com dignidade. Foi lembrado que até hoje não foi feita justiça, pois que as vítimas não foram sequer indenizadas e os assassinos e torturadores seguem impunes, alguns destes tendo sido até promovidos. Também foram destacados os 10 anos da retomada vitoriosa de parte da fazenda Santa Elina pelos camponeses e a necessidade de seguir o caminho apontado pela Heroica Resistência de que só com luta organizada e combativa pode-se conquistar a terra, luta ainda mais urgente neste momento de crise econômica, sanitária, política e moral sem precedentes. Foi relembrado ainda o massacre do povo Tanaru, ocorrido também em Corumbiara no mesmo ano de 1995, que deixou apenas um sobrevivente; o mandante deste crime hediondo foi o latifundiário Antenor Duarte, carrasco das famílias de Santa Elina. Também foi bastante exaltada a unidade entre camponeses e povos indígenas, irmãos de classe na luta pela terra contra o mesmo inimigo, o latifúndio.

Ato celebra os 25 anos da Heroica Resistencia Camponesa de Corumbiara

Como bem apontaram a Liga dos Camponeses Pobres de Rondônia e Amazônia Ocidental (LCP) e o Comitê de Defesa das Vítimas de Santa Elina (CODEVISE) em panfleto distribuído durante o ato: “O heroísmo dos camponeses de Santa Elina deve ser sempre celebrado, ainda mais em um momento tão difícil como o de agora, quando o Brasil e o mundo atravessam a terrível pandemia do coronavírus. São tempos difíceis onde há quase três meses morrem em média mil brasileiros por dia; onde a fome, o desemprego e a carestia assombra os lares do povo trabalhador, dos pequenos e médios comerciantes. Por isso, mais do que nunca, precisamos celebrar a Resistência de Corumbiara, porque aquela batalha nos serve de exemplo de que nada é impossível quando as massas decididas se organizam em luta. Se os camponeses resistiram àquela tentativa de massacre, se tiveram força para prosseguir na luta, se tiveram organização para retomar e cortar as terras de antiga fazenda Santa Elina, isso nos mostra que também poderemos nos defender dessa pandemia e resistir à crise econômica que já atinge o campo e as cidades de nosso país! Contra a crise, tomar todas as terras do latifúndio!”

Os manifestantes entoaram o hino “Conquistar a Terra”, gritaram palavras de ordem, estenderam uma faixa celebrativa, agitaram bandeiras vermelhas e ergueram estandartes com fotos de heróis de Corumbiara e da Revolução Agrária. O ato encerrou com o grito de guerra das populações indígenas: “Pisa ligeiro, pisa ligeiro, quem não pode com formiga, não assanha o formigueiro!”, representando a disposição de continuarmos seguindo o caminho da Nova Democracia, iniciado com a Revolução Agrária.

Salvas de foguetes marcaram o início de uma panfletagem pelas ruas de Corumbiara. Os manifestantes foram muito bem recebidos pela população e comerciantes. Todos ficaram impactados com o respeito que os moradores têm pela batalha histórica. Também é gritante o sentimento de revolta pela justiça que até hoje não foi feita.

As delegações seguiram em comboio para a Área Revolucionária Zé Bentão, onde até 2010 era parte da antiga fazenda Santa Elina. Lá os manifestantes foram recebidos calorosamente pela equipe que preparava um farto almoço e puderam ver e desfrutar, mesmo que um pouco, do sonho das famílias de 1995.

Durante todo evento foram tomadas todas medidas sanitárias de prevenção à Covid-19. Não por causa de decretos governamentais – que são apenas medidas de fachada, pois liberam shoppings e frigoríficos para funcionar normalmente – os manifestantes se preveniram porque o povo deve cuidar de tudo o que lhe diz respeito.

Importante destacar ainda que o ato só ocorreu porque contou com apoio de centenas de camponeses, pequenos comerciantes, entidades e pessoas democráticas de norte a sul de Rondônia. Foram arrecadados alimentos, materiais de propaganda e para prevenção da covid-19, além de recurso financeiro.

Faixas foram estendidas e homenagens foram feitas também em outras cidades de Rondônia.