Famílias do acampamento Manoel Ribeiro resistiram com firmeza à ataques da polícia e do latifúndio que se estenderam por todo o dia 18 de janeiro.
Após a vã tentativa do latifúndio de intimidar os camponeses enviando pistoleiros até a área ocupada, dezenas de policiais de diferentes órgãos de repressão empreenderam dois ataques contra as famílias.
Os trabalhadores conseguiram registrar em vídeo o momento das agressões.
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Pistoleiros a soldo do latifúndio, tentam intimidar os camponeses
Segundo relato das famílias, na manhã do dia 18, 2 homens do latifúndio Nossa Senhora, portando armas curtas na cintura, um deles encapuzado, se deslocaram em direção ao acampamento em uma pickup variante do modelo bandeirante, de cor branca, e se aproximaram de uma das porteiras da área ocupada.
Ao perceberem que os camponeses não se intimidaram, disseram que desejavam apenas conversar e que queriam que os trabalhadores desocupassem a área alegando que precisavam retirar parte do gado do latifundiário.
Frente à intimidação, reunidos, os camponeses se mantiveram firmes e recusaram-se a sair do local.
Em ação coordenada com latifúndio polícia faz tentativa frustrada de despejo ilegal
Na tarde do mesmo dia, por volta das 15h, as famílias avistaram 7 viaturas policiais chegando à sede do latifúndio.
Em seguida, os policiais se deslocaram junto com caminhonetes do fazendeiro para o acampamento Manoel Ribeiro com o objetivo de expulsar os camponeses da Fazenda Nossa Senhora.
Participaram do ataque viaturas da polícia militar e outras escuras camufladas, de tropa especial, mas que os camponeses não conseguiram identificar.
Cerca de 30 policiais portando escudos e em formação de ataque confrontaram as famílias acampadas apontando armas para os trabalhadores em uma odiosa operação ilegal.
Em formação de enfrentamento os policiais confrontaram as famílias desarmadas Policiais apontaram armas e ameaçaram as famílias acampadas Viaturas e policiais se aproximaram de uma das entradas do acampamento Camponeses registraram imagens da covarde tentativa de despejo ilegal cometida pela polícia a mando do latifúndio
Respondendo ao avanço das forças de repressão que ameaçavam invadir parte da área ocupada, os camponeses ergueram barricadas em chamas e lançaram fogos de artifício.
A todo o momento os camponeses denunciaram o caráter criminoso da operação feita sem qualquer mandado, como se já não fosse absurda por sua própria natureza antipovo. “Nem que a coisa engrossa, essa terra é nossa!”, “Se o camponês não planta, a cidade não almoça nem janta!”, “1, 2, 3, 4, 5, mil, avança a Liga por todo o Brasil!”, “Pistoleiros do latifúndio!”, “Estas terras não tem documento. O fazendeiro grilou tudo”, “Estas terras são da antiga Santa Elina! Estas terras são do povo”, bradaram os trabalhadores em meio à canções de luta.
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Polícia faz bloqueio de estrada na noite do dia 18/01
Em seguida, os policiais e as viaturas bloquearam a principal estrada que corta as Áreas Revolucionárias vizinhas e que também dá acesso ao acampamento. Foram identificados veículos do batalhão de choque da polícia militar e da polícia ambiental.
Organizadas, as famílias empunharam bandeiras vermelhas, entoaram canções de luta, palavras de ordem e ergueram suas ferramentas de trabalho.
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Diante da vibrante resistência, após cerca de meia hora, as viaturas suspenderam o bloqueio, se dirigiram para a sede da fazenda Nossa Senhora Aparecida, onde fizeram uma parada, e se retiraram para a cidade Chupinguaia.
Testemunhas relataram ainda que duas dessas viaturas usadas na frustrada tentativa de despejo ilegal, ambas de cor preta, permaneceram na sede do latifúndio. Fato este que indica que os latifundiários planejam mais futuros ataques em conlúio com a policia.
Os policiais retiraram bandeiras e placas afixadas para indicar a entrada do Acamamento Manoel Ribeiro – mais uma ação ilegal, pois elas estavam colocadas em propriedades particulares de camponeses.
Na manhã seguinte, as bandeiras já voltavam a tremular, recolocadas nos mesmos lugares pelos camponeses.
Porteiras e lascas também foram estampam os símbolos da luta pela terra Bandeiras vermelhas tremulam nas cercas da área
Camponeses denunciam articulação de latifundiários locais
As suspeitas por parte dos trabalhadores de que outros latifundiários da região estão apoiando o latifúndio Nossa Senhora Aparecida aumentam.
Segundo denúncias de camponeses das áreas vizinhas, desde os 3 dias que antecederam os ataques, a sede da fazenda Nossa Senhora têm apresentado movimentação atípica de diferentes carros e caminhonetes.
A rápida e constante entrada e saída de veículos relatada pelos moradores seria resultado de uma possível reunião dos latifundiários locais, um dos quais é o ladrão de terras Antenor Duarte, conhecido por ser um dos mandantes do crime hediondo ocorrido em 1995 conhecido como “Massacre de Corumbiara”.
Além disso, também foi denunciada a presença de pistoleiros durante a noite parados na estrada, próximo à entrada da sede do latifúndio.
Conforme apontamos em nossa última matéria, esta articulação dos latifundiários se dá pelo medo de que mais camponeses sem terra, e desempregados dos municípios vizinhos sigam o exemplo do acampamento Manoel Ribeiro e tomem outros latifúndios, empurrados pela grave crise.