Camponeses realizam Corte Popular e comemoram com festa de São João

A Área Revolucionária Renato Nathan teve uma terça-feira agitada, pois na véspera de São João ocorreu a festa do Corte Popular. Muitas bandeiras vermelhas tremularam nas ruas da pequena cidade de Messias, que neste dia presenciou mais uma vez a firmeza proporcionada na confiança de um futuro luminoso. As falas no carro de som como a panfletagem denunciavam a “justiça” dessa velha democracia brasileira que em Alagoas é declaradamente defensora dos interesses de usineiros, latifundiários e companhia. Mas as ações dos inimigos do povo não limitaram a animação e energia dos camponeses que naquela manhã caminharam em manifesto por terra, pão, justiça e nova democracia.

Ainda pela manhã foi a entrega dos certificados, onde muitos agradeceram emocionados a Liga dos Camponeses Pobres, logo depois, o almoço para no final da tarde iniciar o grande festejo com direito a fogueira, churrasco e trio de forró.

Contudo, neste mesmo local nem sempre esteve presente essa alegria. A antiga Fazenda Lajeiro cujas terras atualmente fazem parte da Área Revolucionária Renato Nathan, há aproximadamente 8 anos, se encontrava abandonada e dominada pelo tráfico e pela violência, deixando amedrontadas pessoas que passavam ou moravam no entorno.

Em 2007, dezenas de famílias de camponeses pobres organizaram-se sob o caminho da Revolução Agrária e decidiram ocupar e colocar aquelas terras para produzir e assim o fizeram. Desde então, com muito trabalho e suor, e se apoiando uns nos outros foram tornando esta área num centro produtor de alimentos. No Lajeiro se produz macaxeira, maracujá, abacaxi, milho, feijão, banana e muitas outras lavouras. Até uma sede de alvenaria e uma ponte foram construídas pelas mãos dos próprios camponeses. Famílias que residem próximas à áreas passaram a poder lavar sua roupa e louça num rio limpo e bem cuidado, também frequentar o local para passear sem medo da violência que existia há anos atrás.

Semifeudalidade

Há anos o Brasil sofre com grilagem de terras pelos latifundiários, usineiros e cia expulsando trabalhadores e famílias inteiras do campo; atualmente lideranças camponesas que lutaram contra esses crimes são assassinadas a mando do latifúndio com o consentimento do Estado. Assim foi com Renato Nathan, Paulo Justino, Cleomar Rodrigues e muitos outros. Em Alagoas, além da grilagem, os usineiros e latifundiários são verdadeiros coronéis em diversas cidades do estado, mandam em secretarias elegem políticos e cargos comissionados, quando não são eles próprios. Por isso o roubo das terras de camponeses e devolutas, como toda a violenta repressão à luta por terra tem sempre o consentimento dos gerentes no governo desse velho Estado. Existe justiça onde a usina Utinga Leão ser considerada como proprietária de uma fazenda que não consegue comprovar as delimitações de sua suposta propriedade? São mais de 7 anos de audiências e prazo atrás de prazo para que a usina pudesse apresentar em juízo suas titulações, os grileiros por sua vez tentou despejo com documentos de Murici e depois de Rio Largo. Estas são cidades vizinhas de Messias, município que as famílias camponesas vivem e trabalham na Fazenda Lajeiro.

Ocupar, Cortar, Plantar e Resistir

A permanência nas terras tem sido possível pela resistência dos camponeses contra a falida usina Utinga Leão, que apesar de não poder comprovar o título dessas terras tem ao seu favor o judiciário. A pressão política que estas famílias camponesas proporcionada por inúmeras resistências, fechamentos de BR e audiências na Vara Agrária, em 2012 foi concluída uma parte do Corte Popular, dividindo democraticamente as terras entre as famílias camponesas.

Com a conclusão da segunda parte do Corte Popular, no mês de abril deste ano, proporciona um grande entusiasmo no povo do Lajeiro, pois com certeza a divisão e repartição da terra de forma independente do Estado impulsionará ainda mais a produção, assim como a organização dos camponeses para a direção da sua comunidade. E com essa esta Revolução Agrária seguir com as tomadas e cortes de todas as terras do latifúndio para distribuí-las para os camponeses que vivem e trabalham nela, pois esse têm demonstrado ser o único caminho capaz de destruir o sistema latifundiário e construir um Nova Democracia a partir do campo.

SE O CAMPONÊS NÃO PLANTA A CIDADE NÃO ALMOÇA NEM JANTA!

TERRA PARA QUEM NELA VIVE E TRABALHA!

TERRA, PÃO, JUSTIÇA E NOVA DEMOCRACIA!

Nem impeachment, nem reforma. O Brasil precisa de uma grande Revolução!

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