Desde o fim de semana tropas do Exército brasileiro e Força Nacional de Segurança estão estacionadas na cidade de Cerejeiras, outras unidades da Aeronáutica que contam com helicópteros e aviões estão em Vilhena para participarem de operações na região sul do estado. Uma dessas ações seria retirar as mais de 260 famílias que em dezembro comemoram um ano da realização do corte popular e posse das terras pelos remanescentes das vítimas de Santa Elina e camponeses sem terra. Desde julho de 2010 estas famílias retomaram as terras depois de 15 anos de promessas e muita enrolação. Também fazem parte da operação as Polícias Federal, Militar e tropas da Marinha do Brasil.
Nos últimos meses o Incra e a Fetagro retomaram esses ataques ameaçando despejar as famílias que trabalham e produzem nas terras. A polícia militar e civil tem realizado levantamentos de lideranças e trabalhadores visando a sua prisão e perseguição. Membros da Fetagro e representantes do Incra também tem realizado um amplo trabalho de deduragem de ativistas e lideranças camponesas junto à policia.
A situação é grave, estão preparando uma onda de prisões e perseguições aos camponeses de Santa Elina. Um delegado que esteve na área disse que fariam como no sul do Pará, em alusão a chamada operação “Paz no Campo” levada a cabo pela então governadora Ana Júlia Carepa (PT) no despejo de 1100 famílias da fazenda Forkilha em novembro de 2007. Nesta ocasião cerca de 200 camponeses foram presos e torturados pela PM e doze ativistas que participaram da mobilização para a tomada da área foram assassinados posteriormente por pistoleiros a serviço do latifúndio.
O governo Dilma Roussef (PT) já deixou claro que esta é a sua política agrária: financiar com bilhões o agronegócio exportador de matéria prima barata e concentrador de terras e criminalizar os camponeses que lutam pela terra de forma combativa. Há anos Lula prometeu que assentaria as vítimas de Santa Elina, mas nunca fez nada. Sequer recebeu uma delegação de camponeses que ficaram acampados em Brasília por mais de 23 dias em agosto de 2007. Depois de tanto esperar, as famílias decidiram retomar as terras e exigem o reconhecimento de sua posse.