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Pistoleiros atacam e torturam camponeses em São João do Araguaia

Com informações da Comissão Pastoral da Terra (CPT)

Cerca de 10 famílias foram atacadas e torturadas por pistoleiros fortemente armados no município de São João do Araguaia, no sudeste do Pará, na tarde de 4 de maio.

O bando de pistoleiros, com 8 a 12 indivíduos de rostos cobertos e portando escopetas e revólveres, chegou no acampamento (situado às margens do rio Araguaia) em duas caminhonetes.

Os camponeses durante quase uma hora ficaram sob o domínio dos pistoleiros, que realizaram uma sessão de tortura com as famílias acampadas.

Os trabalhadores foram agredidos a golpes de facões e coronhadas. Os barracos dos camponeses foram incendiados com todos os seus pertences dentro.

Crianças foram covardemente agredidas. Os criminosos efetuaram disparos próximo aos ouvidos de duas crianças gêmeas de três meses de idade para aterrorizar a mãe delas. Outra criança foi derrubada e pisoteada.

Uma mulher grávida também foi pisoteada e sofreu um sangramento, correndo o risco de perder o filho.

As famílias foram forçadas a subir nas duas caminhonetes apenas com a roupa do corpo e foram levadas para a Vila Santana, na rodovia Transamazônica, cerca de 30 quilômetros do acampamento.

Os camponeses atacados e torturados covardemente já haviam sido despejados em janeiro deste ano da fazenda Esperantina, registrada no nome da siderúrgica Sidenorte Marabá, por decisão da Vara Agrária de Marabá.

“Mesmo longe dos limites da propriedade, os pistoleiros não deixaram de perseguir as famílias. A ordem dada pelos pistoleiros foi para que as famílias fossem para o Tocantins e não ficassem mais no Pará. O uso de grupo de pistoleiros para fazerem despejos ilegais e torturarem trabalhadores sem-terra tornou-se uma prática recorrente de fazendeiros da região. Nos últimos dois anos foram cinco ações dessa natureza. Por outro lado, não há informações se a Polícia Civil tenha investigado e responsabilizado alguém por organizar essas milícias armadas na região sudeste do Pará.”, denunciou a CPT, em nota divulgada no dia 7 de maio.