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RO: Exército e PM despejam camponeses

O Exército reacionário, a Força Nacional e a Força Tática da Polícia Militar (PM) expulsaram 400 famílias camponesas do Acampamento Boa Esperança, em Porto Velho, no dia 10 de setembro.

Despejo contou com dois caminhões do Exército reacionário; famílias não tiveram nenhum apoio do velho Estado

A denúncia feita pelos camponeses relata que os militares agiram com
violência e atearam fogo na área, o que foi gravado em vídeo pelos
próprios trabalhadores. Os policiais também prenderam quatro camponeses
que há anos relatam perseguição política.

“Olha só isso [refere-se à quantidade de policiais]. Mas nós vamos
voltar!”, afirmou um camponês, otimista, enquanto saia do acampamento,
em vídeo enviado à redação de AND.

A área ocupada é um terreno na região de Rio Pardo e seria entregue
pelo governo federal ao governo estadual como compensação pela
construção de uma hidrelétrica. A área onde fica o acampamento está em
litígio há anos, e permanece parada por falta de uma definição quanto a
seus títulos e regularização.

Um dos camponeses presos é Delson Pinto de Souza, que possui títulos
legais sobre a área Boi D’Água, onde fica o acampamento Boa Esperança.
Ele próprio permitiu que os camponeses construíssem o acampamento dentro
de sua terra, mas vem sendo perseguido por grileiros da região, e que
já foi ameaçado por agentes do Instituto Chico Mendes de Conservação da
Biodiversidade (ICMBio) para que deixasse sua terra. Além dele, foram
presos um homem chamado Dionísio, outro chamado Reginaldo e uma
camponesa, Jaqueline.

Em um áudio enviado à Redação de AND, um camponês
vizinho do acampamento, revoltado com a situação, protestou: “Eu fico
preocupado com essas coisas porque a gente precisa de tanta coisa e o
que a gente escuta é a choradeira de que não tem dinheiro. Para a
repressão tem dinheiro, mas não tem dinheiro para ajudar na [pequena]
agricultura, não tem dinheiro para regularização fundiária. Não entendo
isso!”.

O advogado que tem acompanhado juridicamente as centenas de famílias
do acampamento, Ermogenes de Souza, foi acusado e processado como mentor
da invasão simplesmente por ter cuidado seu papel profissional. Segundo
ele, todos foram levados para uma escola em Rio Pardo, após serem
despejados, sem saber como se alimentarão.

Além dos aparatos citados, participaram do despejo o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e o ICMBio.

Por Júlia Izecksohn