Força Nacional com autorização para matar

Fechamento da BR 364 no distrito de ExtremaDiante dos ataques da tropa da Polícia Rodoviária Federal, a população do distrito de Extrema opôs um brava e feroz resistência, se defendendo com paus, porretes, pedras, molotovs e barricadas em chamas. Depois de resistir as primeiras investidas o povo literalmente colocou a polícia pra correr debaixo de uma chuva de pedras e paus. A polícia terminou fugindo deixando para trás cassetetes, viaturas, etc, tendo como saldo cinco policiais feridos.

Após esses acontecimentos o ministro da justiça, Tarso Genro, atendeu o pedido da PRF de envio de tropas da Força Nacional de segurança para a região. E o que é ainda mais grave, o ministro na portaria nº 2680, autoriza expressamente o emprego de armas e munição de tipo letal para a suposta “legítima defesa dos policiais e de terceiros”.

Fechamento da BR 364 no distrito de ExtremaNo dia 3 de agosto, a população do distrito de Extrema (localizado na divisa entre Rondônia e Acre, distante 326 km de Porto Velho e 186 km de Rio Branco) juntamente com o povo indígena Kaxarari realizou uma combativa manifestação fechando a BR 364 com pneus e toras de madeira nos dois sentidos, isolando o estado do Acre. Com cerca de 1000 participantes, a manifestação reivindicava a emancipação da região que é conhecida como Ponta do Abunã, que engloba os distritos de Extrema, Nova Califórnia e Fortaleza do Abunã.

Atualmente esses distritos estão sob a tutela da prefeitura de Porto Velho. Basta ver que se a situação em Porto Velho não anda nada boa, dá pra se ter uma ideia de qual é a situação nos distritos localizados a centenas de quilômetros da sede do município.

Até o dia 5 de agosto, nenhuma autoridade do velho Estado havia comparecido ao local além da polícia.

Como sempre, a imprensa marrom tratou de criminalizar o movimento, e repetindo o que a PRF (Polícia Rodoviária Federal) lhe soprou nos ouvidos, acusou os manifestantes de estarem tramando um plano terrorista para explodir um caminhão de combustível, derrubar torres de energia elétrica e romper cabos de fibra ótica. Tudo isso para justificar a repressão e o “restabelecimento da ordem”.

Onde há opressão, há resistência! Rebelar-se é justo!

No fim da tarde do dia 5, a PRF de forma covarde e arrogante atacou a população com balas de borracha, bombas de efeito moral, gás lacrimogêneo e de pimenta. Dezenas de pessoas ficaram feridas por balas de borracha e estilhaços de bombas. Para não restar dúvida da crueldade com que as tropas investiram sobre o povo há um vídeo divulgado na internet [link para o vídeo no fim da página] que mostra o momento em que um policial que estava comandando a operação ordena a outro que atirasse sobre um senhor de idade, desarmado e isolado da manifestação:

“- Dá nesse velho, dá nesse velho!” E o policial executa a ordem, disparando prontamente. Não satisfeito o comandante ainda ordena: “- Outra!”

Mas onde há opressão, há resistência! E rebelar-se é justo!

Diante dos ataques da tropa da PRF, a população opôs um brava e feroz resistência, se defendendo com paus, porretes, pedras, molotovs e barricadas em chamas. Depois de resistir as primeiras investida o povo literalmente colocou a polícia pra correr debaixo de uma chuva de pedras e paus. A polícia terminou fugindo deixando para trás cassetetes, viaturas, etc, tendo como saldo cinco policiais feridos.

Após esses acontecimentos o ministro da justiça, Tarso Genro (PT), atendeu o pedido da PRF de envio de tropas da Força Nacional de segurança para a região. E o que é ainda mais grave, o ministro na portaria nº 2680, autoriza expressamente o emprego de armas e munição de tipo letal para a suposta “legítima defesa dos policiais e de terceiros”.

No dia seguinte ao confronto, não faltou politiqueiros e seus representantes no local para fazer promessas, se dizerem defensores do povo e a favor da emancipação para apaziguar os ânimos. Depois de 82 horas de bloqueio a BR 364 foi liberada pelos manifestantes depois da promessa de audiência com o presidente do TSE em Brasília.

Farsa de Democracia

Onde há opressão, há resistência! Rebelar-se é justo!Esses acontecimentos revelam como no Brasil não existe democracia para o povo. O povo só é lembrado na época das eleições. A única forma que é permitida ao povo de se manifestar é através do voto. Sempre que o povo se levanta em luta pelos seus direitos o Estado se faz presente através da repressão policial. E mesmo quando é uma simples reivindicação dentro dos próprios marcos do sistema, como é o caso dessa manifestação em Extrema, o povo é duramente reprimido.

Por outro lado para os ricos e poderosos, o tratamento é bem diferente. Basta comparar, qual foi a atuação da PRF, quando funcionários e pessoas financiadas pelo governo estadual, fecharam a BR 364 em vários pontos, para defender Cassol? Não fizeram nada além de acompanhar e dar suporte.

Para os grandes burgueses e latifundiários, realmente há democracia e liberdade. Podem explorar o povo, podem roubar, desviar dinheiro público, grilar terras, assassinar trabalhadores, sugar e vender nossas riquezas a vontade. Mas para o povo o que de fato existe é uma verdadeira ditadura, onde os seus direitos mais básicos são negados diariamente e onde quer que se rebele, o Estado envia suas tropas armadas, com a autorização expressa para matar.

Repudiamos os ataques da PRF e o envio de tropas da Força Nacional para Porto Velho!
Saudamos a combativa resistência popular e nos solidarizamos com o povo da região de Ponta do Abunã!

CDRADP – Comitê de Defesa da Revolução Agrária e dos Direitos do Povo
Porto Velho, 9 de Agosto de 2009

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