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Camponeses em Seringueiras mantêm decisão de resistir e permanecer na terra

Camponeses retomam terras da fazenda Bom Futuro - Enilson Ribeiro - 2018

No último dia 15 o juiz Marcelo Elias Vieira, do Tribunal Regional Federal de Ji Paraná, expediu uma ordem de despejo contra os camponeses da Área Revolucionária Enilson Ribeiro, na linha 14, Km 13, no município de Seringueiras. Deu 5 dias de prazo para as famílias desocuparem a área. Intimou a Polícia Federal, com ajuda da polícia militar, fazer a reintegração de posse e ordenou a perseguição aos camponeses que participam da tomada de terra. Mas as famílias organizadas pela LCP – Liga dos Camponeses Pobres de Rondônia e Amazônia Ocidental reafirmaram a disposição de resistir em defesa do justo direito à terra.

Camponeses retomam terras da fazenda Bom Futuro - Enilson Ribeiro - 2018
Camponeses retomam terras da fazenda Bom Futuro – Enilson Ribeiro – 2018

Há poucos meses, o judiciário determinou a retomada da fazenda Bom Futuro para a União, comprovando o que toda a população de Seringueiras e região já sabia: a fazenda é terra pública, grilada pelo latifundiário Augusto Nascimento Tulha, ladrão de terra e médico reformado do Exército. Este processo se arrastou por quase 8 anos e a decisão só foi desfavorável ao latifundiário porque em 2016 mais de 100 camponeses, homens, mulheres, crianças e idosos ocuparam a fazenda, resistiram bravamente às ameaças e ataques de pistoleiros e ao covarde cerco realizado por um verdadeiro aparato de guerra da polícia militar.

A fazenda Bom Futuro é do povo!

Em 2016, após negociações foi feito acordo com o Incra e os camponeses concordaram em sair pacificamente da área. O acordo estabelecido previa que as famílias não seriam perseguidas, que receberiam lotes em 6 meses e que a fazenda Bom Futuro, após encerramento do processo que corria no judiciário, seria destinada para as famílias que participaram da ocupação e a famílias indicadas pela LCP.

Bandeira da LCP hasteada dentro da área Enilson Ribeiro.
Bandeira da LCP hasteada dentro da área Enilson Ribeiro.

Mas nada disso aconteceu. Após saírem da área dezenas de acampados foram perseguidos, processados e vários permaneceram longo tempo presos e sofrem até hoje com restrições.

E agora que o latifundiário ladrão de terra se retirou, o Incra segue ignorando e descumprindo o acordo. Em diversas oportunidades estão ameaçando as famílias acampadas de serem cortadas do seu falido programa de “reforma agrária”. E para criar disputas entre as próprias famílias, afirmam que apenas moradores de Seringueiras serão atendidos, o que na prática significa que cederam a pressões de latifundiários da região, e atenderão apenas pessoas indicadas por seus chegados e apadrinhados políticos, de olho na próxima farsa eleitoral.

Defendendo sua falida “reforma agrária”, mentem para a população dizendo que ninguém precisa invadir fazendas para conquistar um pedaço de terra. Que basta aguardar e terão direito a terra, casa, créditos, etc. Mentira! Os camponeses pobres só conquistam um pedaço de terra pra trabalhar através da luta!

E agora que os camponeses retomaram a fazenda Bom Futuro, foi o próprio Incra o responsável por entrar com ação de despejo contra as famílias e quem deu várias “sugestões” ao juiz sobre como reprimir os camponeses.

Os camponeses estão cansados de promessas e mentiras, e não se dobram diante do terrorismo de Estado

Desde o dia 30 de abril centenas de famílias retomaram a antiga fazenda Bom Futuro, com cerca de 11.500 hectares. Após decisão da Assembleia Popular iniciaram o Corte Popular das terras aplicando o caminho da Revolução Agrária, que se inicia com a tomada e corte das terras do latifúndio que são grandes extensões de terra concentradas nas mãos de uma ínfima minoria parasita, exploradora, que ao contrário do que é propagandeado na televisão, não é “pop”, é sim responsável pelo que há de mais atrasado nesse país e se sustenta na miséria de milhões de brasileiros.

Ressaltamos que ao contrário do que mentem sobre nós, defendemos a tomada de terras apenas dos latifúndios, e sempre respeitamos as pequenas e médias propriedades, bem como respeitamos os territórios dos povos indígenas, nossos aliados, que tem o latifundiário ladrão de terras como inimigo comum.

Também ressaltamos que após o Corte Popular, as parcelas de terra são entregues as famílias sem terra ou com pouca terra, para que possam o quanto antes trabalhar e elevar de forma cada vez mais cooperada sua produção.

A cada dia mais camponeses se organizam para tomar terras, empurrados pela necessidade e crescente carestia de vida.  Cada dia mais camponeses rompem com verdadeiras camisas de força que há tempos os tem prendido e passam a trilhar o caminho da Revolução Agrária dando exemplo para todo o povo de como resolver seus problemas, conquistando seus direitos sem precisar mendigar por migalhas do velho Estado.

Mais cedo que tarde os camponeses se levantarão em grandes ondas varrendo e tomando todas as terras do latifúndio. Isso é o que tanto teme o latifúndio, o Incra, judiciário e demais agentes no velho Estado, por isso agem desesperadamente para reprimir e criminalizar a luta pela terra.

A LCP reafirma a consigna de contra a crise, tomar todas as terras do latifúndio! Convidamos os camponeses sem terra ou com pouca terra de Seringueiras e região: juntem-se a nós, venham para a área Enilson Ribeiro! Nenhum direito é dado ao povo por governo algum, só através da Revolução Agrária conquistaremos a terra, preço para nossa produção, estradas, energia elétrica, educação e saúde de qualidade. Só com uma Grande Revolução construiremos um Brasil Novo!

As famílias acampadas (atualmente mais de 1.000 pessoas, aumentando a cada dia) no Enilson Ribeiro com apoio da LCP reafirmam sua decisão de permanecer na terra e resistir a qualquer investida do velho Estado. Conclamamos as pessoas e organizações independentes e honestas a apoiarem de forma decidida a justa luta dos camponeses.

Responsabilizamos desde já os gerentes desse velho Estado, especialmente o ouvidor agrário regional, o superintendente regional do Incra e o desmoralizado gerente Temer por toda e qualquer consequência que venha ocorrer se levarem adiante operação de despejo contra as famílias.

Viva a luta dos camponeses de Seringueiras da Área Revolucionária Enilson Ribeiro!

Defender a posse pelos camponeses da Área Revolucionária Enilson Ribeiro!

Tomar todas as terras do latifúndio!

Viva a Revolução Agrária!

Terra pra quem nela vive e trabalha!

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Viva a justa luta dos caminhoneiros! Viva a rebelião popular!

Aproveitamos a oportunidade para manifestar apoio e solidariedade a justa greve dos caminhoneiros.

Repudiamos as ações repressivas do governo e as tentativas de criminalização do movimento grevista, sustentado principalmente por motoristas autônomos, empregados de pequenas e médias empresas de transportes.

Repudiamos as tentativas de grupos da extrema direita que se aproveitam da situação e da revolta da população para precipitar um golpe militar.

Conclamamos os camponeses e demais classes populares a apoiarem decididamente os interesses dos caminhoneiros, e unir esforços para a construção de uma greve geral contra as “reformas” antipovo e pela conquista de direitos, como parte da luta pela construção de um Brasil Novo, verdadeiramente democrático, livre da miséria, exploração e opressão.

Nem golpe militar, nem farsa eleitoral, o caminho para o povo é a Revolução!