Novos ataques de latifundiários da extrema-direita contra camponeses

Reproduzimos abaixo nota recebida em 29 de agosto de 2023 da Liga dos Camponeses Pobres de Rondônia e Amazônia Ocidental

Novos ataques de latifundiários da extrema-direita contra camponeses

Grupos paramilitares de latifundiários atacaram covardemente camponeses em luta pelo sagrado direito à terra, em mais dois eventos funestos ocorridos em Humaitá e Cujubim, na primeira quinzena de agosto. O primeiro deles ocorreu na comunidade do Ipixuna, zona rural de Humaitá, no sul do Amazonas: três pistoleiros invadiram a residência de um casal e os executaram friamente, na noite do dia 03 de agosto. Segundo informações da imprensa, eles foram mortos com mais de 5 tiros cada um, na cabeça e no peito; testemunhas ouviram vários gritos de socorro do casal e sons de espancamento antes dos disparos de armas de fogo, indicando que eles foram torturados antes de serem assassinados.

Fotos do casal assassinado

O homem executado é conhecido por camponeses em luta pela terra como Fumaça, ele e sua esposa Cleide Silva mudaram-se de Rondônia para o Amazonas e estavam apoiando uma tomada de latifúndio, por isso foram mortos. Comenta-se na localidade que grandes fazendeiros da região trocaram informações em suas redes sociais sobre a chegada na região de Ipixuna de “pessoas da LCP de Rondônia” para organizarem tomadas de terra. Matérias da imprensa também corroboram que os mandantes do brutal homicídio de Fumaça e Cleide são latifundiários da região: “o casal estava envolvido em uma disputa de terras e já vinha sendo ameaçado de morte pelas pessoas que reclamavam a posse do terreno”.

O segundo ataque de latifundiários da extrema-direita ocorreu na linha B90, em Cujubim, na divisa com Rio Crespo, no dia 12 de agosto. Cerca de 60 latifundiários e pistoleiros atacaram a tiros o acampamento recém construído, prenderam 7 camponeses e queimaram suas motos. Os próprios latifundiários em áudios que circulam em suas redes sociais confessam seus crimes orgulhosamente: “arregaçou com os sem-terra”, “prendemos 7 vagabundos”, “bala comeu”.

Escute abaixo os áudios da conversa entre os latifundiários (clique para carregar):

Policiais militares de Ariquemes, Jaru, Cujubim e Machadinho chegaram durante o ataque dos latifundiários e guaxebas e, como sempre, aplaudiram os criminosos e reprimiram os camponeses, prendendo 25 acampados ao todo, incluindo mulheres e idosos.

Imagem divulgada da ilegal prisão dos camponeses

Apesar de sempre tentarem esconder seu papel de cão de guarda do latifúndio, o tenente coronel pm Rudinei, comandante da operação repressiva, em entrevista ao programa policialesco Bronca da Pesada acabou confessando sua conivência e apologia ao crime de pistolagem: “Conseguimos ali, com o apoio dos moradores, deter 25 pessoas”.

Reprodução do programa policialesco sobre a ação dos latifundiários, guaxebas e pms (clique para carregar)

Mais uma vez, a imprensa vendida apresentou os camponeses pobres como bandidos e a prova para esta calúnia vejam só, foram uma espingarda de caça velha, vários facões e celulares encontrados com as famílias! Quanto aos latifundiários e pistoleiros fortemente armados, nenhuma palavra.

“Será que eles acham que o povo não vai cobrar?”

Antes, latifundiários já tinham se unido pessoalmente à polícia e pistoleiros para reprimirem e despejarem camponeses em luta pela terra em Nova Brasilândia, no último dia 05 de março, e na RO 257, em Machadinho D’Oeste, no início de maio.

Áudio da mobilização de latifundiários e guaxebas (clique para carregar):

 

Ainda em agosto, a imprensa rondoniense reavivou Evandro Caetano de Brito*, um bolsonarista, baba-ovo da polícia, denunciado em 2017 por usar farda da pm, participar de treinamentos e operações, sem ser policial.

 

* Evandro Caetano de Brito é acusado de um atentado a bala contra a sede do jornal eletrônico Rondoniaovivo, em novembro de 2022. Ventila-se na mídia que este ataque, típico da extrema-direita, teria sido uma represália pela linha editorial crítica às manifestações golpistas em frente a quartéis do Exército em Porto Velho.

Quando Evandro foi denunciado por atuar como policial ele trabalhava no gabinete do então deputado estadual, Jesuíno Boabaid, presidente da Associação dos Praças e Familiares da PM e BM de Rondônia (Assfapom). Ele perdeu ações que moveu no judiciário por calúnia e difamação.

Isso mostra que a instituição militar de Rondônia mantém inalterada sua tradição, desde a Heroica Batalha Camponesa de Corumbiara, em 1995, quando emprestou fardamento para guaxebas dos latifundiários do cone sul que os auxiliaram nas torturas e chacinas contra os camponeses pobres rendidos e desarmados.

E nunca é demais destacar que todas polícias militares obedecem a política determinada pelo Alto Comando do Exército, através de seu órgão Inspetoria Geral das PMs, além de obedecerem aos governadores, como é de conhecimento geral.

Os latifundiários e seus guaxebas, com farda e sem farda, são parte dos refugos da extrema-direita que a candidatura de Bolsonaro arregimentou país afora. Eles tendem a se tornar mais rancorosos depois da desmoralização que sofreram com a derrota eleitoral do chefete, com o avanço das investigações e denúncias dos atos golpistas de 8 de janeiro, do assassinato da vereadora Marielle e da corrupção escandalosa de Bolsonaro, família e comparsas.

Mas toda violência do latifúndio e velho Estado só revelam o pavor que eles têm da luta organizada e combativa do povo. Enganam-se, senhores, se pensam que o povo, especialmente os camponeses, se esqueceram de todos seus crimes hediondos e aceitarão passivamente tanta opressão. Mais cedo que tarde o campesinato se levantará em grandes ondas de tomadas de terra, trilhando o caminho da Revolução Agrária, que varrerá definitivamente com o latifúndio e seus galinhas verdes rurais.

Lutar pela terra não é crime!
Terra para quem nela vive e trabalha!
Conquistar a terra, destruir o latifúndio!

LCP – Liga dos Camponeses Pobres de Rondônia e Amazônia Ocidental
29 de agosto de 2023

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