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Mais de 250 famílias podem ser despejadas de suas terras

Estamos ameaçados de despejo nós, camponeses das áreas Raio do Sol, Canaã e Lamarca e o acampamento Vale Encantado, todos na divisa de Theobroma e Ariquemes. Nestas áreas vivemos ao todo mais de 250 famílias e lutamos desde 2001 pelo direito a um pedaço de chão para viver, trabalhar e criarmos nossos filhos. Cansamos de esperar pela enrolação do Incra, entramos nos Burareiros, cortamos e distribuímos os lotes por conta e estamos criando porco, galinha, gado leiteiro, plantando e colhendo toneladas de arroz, feijão, milho, mandioca, abóbora, amendoim, dentre outros. Já temos até café produzindo.

Todas estas áreas ficam em uma região de Projetos Burareiros, criados pelo governo federal há mais de 40 anos atrás. Funcionavam assim: quem assinasse contrato com o governo tinha a obrigação de produzir em um Burareiro e o direito de pegar financiamentos, mas não tinha direito à posse. Em cada Burareiro cabem 40 famílias.

Esse era o projeto, mas na prática a maioria dos que assinaram o contrato pegaram o dinheiro dos financiamentos, não produziram nada e ainda venderam os Burareiros como se fossem seus. Claro que conseguiram declarações de posse falsas com o Incra.

Já perdemos a conta de quantos ataques sofremos de pistoleiros pagos pelos que se dizem donos das terras, latifundiários e fazendeiros da estirpe do finado Catâneo.

Já perdemos a conta de quantos despejos nós camponeses destas áreas sofremos. A polícia sempre agia junto com pistoleiros, nos agrediram e queimaram todos nossos pertences, barracos, pilhas de produção e roças. Sem contar os vários camponeses que acabaram presos.

Agora está marcado mais um despejo para até quinta-feira, dia 14. Esta é a reforma agrária falida do governo Lula/PT/FMI: protege latifundiários e reprime pequenos e médios camponeses, jogando o povo para a miséria e o desemprego nas periferias das cidades.

Mas seguimos dispostos a lutar por nossa terra regada pelo nosso suor e sangue. Já conseguimos evitar alguns despejos com nossa resistência e é o que faremos agora. Contamos com o apoio de todos camponeses, do povo trabalhador da cidade, dos desempregados, dos estudantes, dos pequenos e médios comerciantes, dos intelectuais honestos para divulgarem esta denúncia e nos apoiarem em nossa luta justa.

O povo quer terra não repressão!
Tomar todas as terras do latifúndio!
Viva a Revolução Agrária!

Liga dos Camponeses Pobres de Rondônia e Amazônia Ocidental