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Grupos ligados ao agronegócio invadem lote de assentado, destroem roça e área de preservação em Rondônia

Segundo relatos, na área já foram registradas derrubadas de árvores e queimadas clandestinas realizadas por grileiros

Fotos CPT/RO

Morador do Assentamento Flor do Amazonas
II, município de Candeias do Jamari (RO), próximo à capital Porto
Velho, o agricultor Antônio¹ denuncia a invasão de sojeiros no lote de
sua propriedade.

Segundo o pequeno agricultor, que
pratica técnicas de agroecologia, tratores entraram em seu lote,
destruindo as cercas e derrubando árvores da área de preservação. Esta
não é a primeira vez que conflitos são registrados no Assentamento Flor
do Amazonas II. Segundo histórico do Centro de Documentação Dom Tomás
Balduíno, da CPT, em ao menos duas ocasiões seu Antônio foi ameaçado em
decorrência de recusar-se a vender seu lote aos grupos ligados ao
agronegócio, bem como por praticar agroecologia.

Em um dos registros, datado de janeiro
deste ano, pistoleiros chegaram a atirar acima do telhado da residência
do agricultor, para intimidá-lo. Em outra ocasião, no ano de 2013, seu
Antônio teve seu lote invadido pelo gado de uma propriedade vizinha que
ocasionou na destruição da roça; a entrada do gado foi alegada como
criminosa, uma vez que os arames da cerca que dividia as propriedades
foram cortados.

Seu Antônio está há 10 anos e 5 cinco meses no Assentamento e cultiva mexerica, café, laranja, caju, jenipapo, abacaxi, banana, feijão, manga, além de promover o replantio de árvores. Ele também praticava extrativismo de palmito, castanha, tucumã e babaçu na área de preservação que foi destruída. A regional da CPT em Rondônia acompanha o conflito.

A área é um projeto de assentamento, com várias áreas de conflitos. O Flor do Amazonas ainda não foi efetivado como assentamento para beneficiários da Reforma Agrária, vez que o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) segue inoperante.

¹ Nome fictício para preservar a segurança do agricultor.