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Homenagem ao companheiro Naldo

Coro

Ke Ciun-Ping

Se nos perguntam de onde viemos,

nós respondemos: viemos do povo.

Se nos perguntam para onde vamos,

respondemos: vamos ter com o povo,

para aprender com a experiência autêntica

de milhares e milhares de anos.

Viemos para mobilizar a gente,

para produzir e resistir ao inimigo.

A força do povo é ilimitada

e só dele é que a podemos obter;

viemos para aprender como prestar auxílio,

libertar as terras e abrir vias novas.

Dentro destes limites, nas zonas democráticas

já nos movemos com liberdade;

aqui cultivaremos a flor da vitória

para que possa florir sobre estas áridas colinas.

É com imenso pesar que comunicamos que na manhã do dia 21 de julho de 2018 faleceu o companheiro Derisnaldo de Castro, conhecido por todos como Naldo. Durante seus quase 37 anos de vida, ele participou da luta pela terra. Nos últimos meses estava sofrendo de uma silenciosa depressão que ninguém podia imaginar quão grave era e veio culminar com seu falecimento.

Além dos pais, irmãos, cunhados, sobrinhos e companheiros de luta, Naldo deixou uma filhinha de 5 meses, maior alegria destes últimos meses.

Naldo nasceu em Carmo do Rio Verde / Goiás, no dia 07 de setembro de 1981 e mudou-se com a família para Rondônia em 1985. Era pequeno quando participou do acampamento “25 de julho”, em Espigão D’Oeste, em 1989, luta histórica e vitoriosa dirigida pelo STR – Sindicato dos Trabalhadores Rurais onde centenas de famílias conquistaram o seu pedaço de terra para viver e trabalhar.

Dando continuidade à luta, participaram do Acampamento “14 de agosto”, em Ariquemes, onde conquistaram um lote. Cada pedaço daquela terra foi regado pelo suor de Naldo e sua família, camponeses trabalhadores e lutadores que sempre foram.

Foi neste período que ocorreu a heroica batalha de Santa Elina – Corumbiara que deslindou dois caminhos no movimento camponês. Naldo e sua família seguiram o caminho da luta camponesa combativa no MCC – Movimento Camponês Corumbiara e depois foram fundadores da LCP – Liga dos Camponeses Pobre de Rondônia e Amazônia Ocidental.

Naldo também participou de uma tomada de terras dirigida pela LCP em Patrocínio, no Triângulo Mineiro, em 2002.

Em 2009, Naldo voltou para Rondônia e foi morar no município de Theobroma.

Desde 2017, o companheiro enfrentava a depressão. Sua família fez de tudo pelo restabelecimento de sua saúde. Mas, como é comum nesses casos, Naldo não demonstrou a profundidade do sofrimento que lhe afligia.

O que Naldo foi durante toda sua vida – trabalhador, simples, solidário, companheiro, lutador – são exemplos para nós.

Desde criança Naldo era o primeiro a levantar e, no fim da tarde, quando voltava da roça tinha sempre suas roupas encharcadas de suor. Ajudou seus pais a criar os seis irmãos mais novos que ele.

Quando jovem Naldo sofreu uma queda de uma camionete em movimento que deixou como sequela a hidrocefalia. Isto o obrigou a se submeter a uma cirurgia para a colocação de válvula dentro da cabeça. As recomendações dos médicos é que ele não deveria fazer serviço pesado e nem ficar exposto ao sol. Mas sua profissão era trabalhar na terra e assim prosseguiu na sua vida de camponês.

Todas as pessoas que o conheceram tinham a maior afeição por ele, por seu jeito simples e tranquilo; era corajoso e combativo e tinha um profundo ódio de classe pelos latifundiários.

Ele permanecerá sempre vivo nos corações e memórias de seus familiares, amigos e companheiros.

Companheiro Naldo, presente na luta!

Honra e glória aos heróis do povo brasileiro!