O despejo da área Raio do Sol não é um fato isolado em Rondônia. Nos últimos dias, camponeses de Vilhena, Porto Velho e Rio Alto (Buritis) também foram despejados e outras áreas estão ameaçadas, a maior delas, Rio Pardo. É uma ofensiva do latifúndio incentivado pelo projeto de regularização fundiária do governo Lula que na prática está expulsando os camponeses pobres e legalizando as terras griladas pelos latifundiários. Ao mesmo tempo em que preparam uma nova campanha de ataques com bandos armados e a criminalização da justa luta pela terra.
Numa época de grave crise econômica onde o desemprego assola as principais cidades de Rondônia, o juiz de Ariquemes Danilo Augusto Kanthack Paccini assinou mais uma liminar de despejo para a Área Revolucionária Raio do Sol, localizada na linha C-19, travessão 1 da linha 45, município de Ariquemes.
Já existem 14 casas de madeira e um total de 11 Km de cerca na área. Nós camponeses também já construímos no braço duas pontes e pagamos de nosso bolso 5 mil reais de hora/máquina para abrir a estrada. Para esta empreitada contamos com nossa força e com o apoio de proprietários vizinhos. Dois ônibus escolares entram na nossa área de manhã e de tarde para transportar os alunos pras escolas Mafalda Rodrigues e Arco-íris.
Apesar disto, a justiça se nega a reconhecer o conflito agrário em nossa terras e ao longo dos anos já autorizou 4 despejos, onde a polícia queimou nossos barracos, nossos pertences e produção e roubou bicicletas e colchões. Em 2007 o advogado da fazendeira, Josué Leite, queimou pessoalmente nossas pilhas de arroz e montes de milho.
Os policiais ameaçaram nos bater e levar homens e mulheres presos para o Urso Branco e as crianças para o Conselho Tutelar, apontaram armas na cabeça dos homens. Tudo isto na frente das crianças, os mais pequenos ficaram vários dias assustados, qualquer barulho pensavam que era polícia e corriam pro mato.
O empresário de Jaru, Lúcio Mosquini, ex-presidente da Coaja – Cooperativa dos Agricultores de Jaru está conluiado com a fazendeira. Ele tenta negociar nossas terras, além de financiar os despejos.
Em maio último, o Incra fez uma vistoria, fez o cadastro das propriedades e o levantamento da produção. Eles afirmam que nossas terras serão regularizadas, mas ficam nos enrolando. Como sempre fizeram.
O despejo da área Raio do Sol não é um fato isolado em Rondônia. Nos últimos dias, camponeses de Vilhena, Porto Velho e Rio Alto (Buritis) também foram despejados e outras áreas estão ameaçadas, a maior delas, Rio Pardo. É uma ofensiva do latifúndio incentivado pelo projeto de regularização fundiária do governo Lula que na prática está expulsando os camponeses pobres e legalizando as terras griladas pelos latifundiários. Ao mesmo tempo em que preparam uma nova campanha de ataques com bandos armados e a criminalização da justa luta pela terra.
Deixamos o seguinte recado para as autoridades e os latifundiários: não somos cachorros que vocês podem pisar e humilhar, somos homens e mulheres camponeses dignos e honrados, sabedores de nossos direitos e da justeza de nossa luta. A terra é para quem nela trabalha e não vamos arredar o pé do que é nosso!
Conclamamos todos os camponeses, trabalhadores da cidade, estudantes, pequenos comerciantes, pessoas e entidades democráticas para denunciar as injustiças que estamos sofrendo e para apoiarem nossa resistência.
O povo quer terra, não repressão!
Tomar todas as terras do latifúndio! Viva a Revolução Agrária!
CDRA – Comitê de Defesa da Revolução Agrária da Área Raio do Sol
LCP – Liga dos Camponeses Pobres de Rondônia e Amazônia Ocidental