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Latifundiária e seu bando armado promove terror em Pentecoste/CE

No dia 22 de março cerca de 40 famílias tomaram o latifúndio conhecido por Fazenda Limoeiro e desde então montaram o acampamento “Conquistar a terra”. O latifundiário Raimundo Queiroz, dito dono da propriedade e que reside em fortaleza, pouco freqüentava a área já tendo ficado mais de 8 anos sem aparecer por lá. O latifúndio sequer possuía cerca e há mais de 20 anos as terras estão sem produção.

Algumas famílias já haviam construído seus barracos e se preparavam para iniciar o plantio aproveitando o inverno para cultivar um uma parte daquela imensidão de terras que embora sejam muito boas só tinha mato.

Na sexta-feira, dia 27 de março, a mulher do latifundiário, Monalisa, foi até o acampamento juntamente com o filho “Queirozinho” e mais três capangas fortemente armados, que se apresentaram como policiais civis, ameaçaram e humilharam os camponeses e disseram que voltariam na segunda-feira, dia 30, para expulsa-los, o Queirozinho assim ameaçou: “vocês vão sair de um jeito ou de outro”. No domingo, dia 29 de março, foi registrado um boletim de ocorrência sobre as ameaças. Na segunda-feira, dia 30 de março, a denúncia do risco que os camponeses estavam sofrendo foram feitas ao INCRA e à promotora da comarca, esta última afirmou que estaria tomando as devidas providencias para que fosse assegurada a integridade física dos camponeses.

Na terça-feira, dia 31 de março, por volta das 12h30min, o acampamento foi invadido pela latifundiária Monalisa, o latifundiário juvenil “Queirozinho”, um indivíduo trajando terno que se dizia advogado e dois outros elementos que se apresentaram como policiais civis, mas que não portavam nenhum mandado judicial. Todos os quatro homens entraram de arma em punho, inclusive o advogado.

Neste momento havia no acampamento além de alguns homens, mulheres e crianças e pessoas idosas que foram tratadas com crueldade e covardia. Já chegaram dando empurrões e tomando os pertences dos camponeses. Tentaram roubar o celular de uma senhora que não quis entregá-lo e por isto um dos capangas encostou a arma em seu peito enquanto a latifundiária Monalisa torcia seu braço, levando-a e jogando-a para fora do acampamento. Depois se virou para uma criança que estava doente e se alimentava naquele momento e demonstrando toda a sua maldade, ameaçou atirar na criança dizendo: “Ou você derrama a comida ou eu te queimo”.

Os camponeses tiveram seus barracos destruídos e foram atirados no meio da chuva, um rolo de lona que serviria para a cobertura dos barracos foi queimada, além dos pertences também a comida foi roubada num verdadeiro assalto a mão armada. Os companheiros que no momento da invasão continuavam fazendo denúncias na rádio da cidade, ao tomarem conhecimento dos fatos se dirigiram à promotoria da cidade para que fossem tomadas as medidas que a promotora, um dia antes, afirmou que seriam encaminhadas, porém quando uma viatura da PM chegou mais de 14 horas depois, os camponeses já estavam desalojados no meio da chuva. Nada foi feito em relação ao fato de todos estarem armados e nem mesmo em relação ao roubo dos alimentos. Na frente dos policiais militares o Queirozinho ameaçou acabar com o companheiro Vicente e tão logo a viatura da PM se distanciou do local este mesmo “Queirozinho” na garupa da moto conduzida por outro elemento perseguiu a moto na qual o camponês Vicente Lino de Souza estava na garupa e disparou três tiros de pistola.

É dessa forma que a luta camponesa é tratada em nosso país. Contra os camponeses são praticadas todos os crimes por parte do latifúndio e as autoridades nada fazem para impedi-los. Esses crimes não podem ficar impunes. Conclamamos todos os democratas e pessoas honestas da cidade de Pentecoste e do Estado do Ceará a não aceitarem calados a mais esta injustiça e a se somarem a nós na luta para que os responsáveis por estes crimes sejam punidos.

O povo quer terra e não repressão!
Morte ao latifúndio!

LCP – Liga dos Camponeses Pobres do Nordeste