Liberdade para Zé Rainha, dirigentes e militantes de FNL e todos os presos políticos da sagrada luta pela terra!

Luciano de Lima, Zé Rainha e Cláudio Ribeiro foram presos após onda de ocupações denominada ‘Carnaval vermelho’

A prisão de José Rainha, Coordenador Nacional da FNL, e também de Luciano de Lima e Cláudio Ribeiro Passos, militantes da Frente Nacional de Luta Campo e Cidade, no dia 04 deste mês de março as duas primeiras e no dia 09 a segunda, é mais uma sórdida tentativa de criminalizar e paralisar a luta pela terra, bem como de desmoralizar seus dirigentes. Ocorreu após uma vigorosa mobilização deste movimento durante os dias 20 e 22 de fevereiro (jornada de lutas denominada pelos companheiros de “Carnaval Vermelho”), nas quais participaram mais de 1.400 famílias camponesas (cerca de 5.600 camponeses) que ocuparam dezenas de latifúndios em Alagoas, São Paulo (na região do Pontal do Paranapanema), no Mato Grosso do Sul e no Paraná.

As hordas da extrema direita reacionária e criminosa, principalmente as latifundiárias cevadas durante anos a fio pelo monopólio da imprensa e mais recentemente insufladas e armadas pelo demente e ladrão de joias Bolsonaro, o fraco, já neste começo de ano, armadas até os dentes, com o mesmo “modus operandi” dos bloqueios de rodovias no ano passado após as eleições e, desde elas reforçado com acampamentos na frente dos quartéis do exército clamando por intervenção militar, ação estimulada por altas patentes da ativa e reformados, e no dia 08 de janeiro em Brasília (ressalte-se que sempre acobertadas pelo aparato repressivo do Estado e vergonhosamente remuneradas), atacaram camponeses e indígenas que se levantam aos milhares por todo o Brasil em luta, respectivamente, pelo sagrado direito a terras e territórios ancestrais. Foi assim no Maranhão, no sul da Bahia, no Pontal do Paranapanema em São Paulo, em Naviraí no Mato Grosso do Sul, no norte e centro de Rondônia, e também no Mato Grosso.

Em Goiás o governador bandido Ronaldo Caiado, fundador da UDR (milícia rural criada nos idos dos anos de 1980 para impedir os avanços da “reforma agrária” e que hoje opera “clandestina” por dentro da bancada ruralista no Congresso Nacional), mobilizou grande aparato militar no dia 25 deste mês para despejar mais de 600 famílias, cerca de 2.400 camponeses, que lutavam pelas terras do latifúndio São Lukas, município de Hidrolândia, já EM POSSE DA UNIÃO DESDE 2016, pois o latifundiário estrangeiro que utilizava a área em esquema para traficar mulheres para prostituição na Suíça foi condenado em 2006. Registra-se que esta utilização das forças policiais do Estado de Goiás NÃO TINHA COBERTURA DE NENHUMA ORDEM JUDICIAL.

Em Rondônia, nas proximidades da área Tiago Campim dos Santos, no dia 28 de janeiro, os camponeses Rodrigo Hawerroth, “Esticado”, e Raniel Barbosa Laurindo, “Mandruvá”, foram rendidos por policiais do BOPE e na sequência, sem nenhuma chance de defesa, foram torturados e executados a serviço do governador pau-mandado do latifúndio coronel PM Marcos Rocha, quando lutavam pela última parte do latifúndio NORBRASIL, terra pública grilada pelo maior grileiro e ladrão de terras do Brasil, Antônio Martins dos Santos, vulgo “Galo Velho”. Este parasita da nação está foragido desde novembro do ano passado, quando o Ministério Público Federal denunciou que ele montou uma quadrilha que movimentou 400 milhões de reais com compra de juízes, agentes do Incra e policiais militares e civis para tentar despejar mais de 2.000 camponeses, 600 famílias da LCP, operações de guerra todas fracassadas, derrotadas pela resistência organizada das massas que ali vivem desde 2018 e hoje produzem toneladas de alimentos.

Tudo isso sem contar as repetidas denúncias comprovadas de trabalho escravo feitas pelo ministério público neste início de ano, e que os próprios monopólios de imprensa não puderam ocultar.

E então, senhores, Marcos Rocha, Caiado, o Bope de Rondônia, a turba de assassinos da extrema- direita latifundiária, quem está preso? Nós afirmamos: dessa canalha ninguém! E se bobear vai aparecer algum destes canalhas, ou muitos, na caravana de Lula à China!

Enquanto isso José Rainha, Luciano e Cláudio, da FNL, estão presos. Também o companheiro Luzivaldo, da área da LCP de Campina Verde-MG, preso a anos, acusado de um homicídio, que quando de seu ocorrido, o companheiro estava a dezenas de quilômetros do local e com testemunhas. O companheiro Luzivaldo está mantido preso ilegalmente por perseguição política da justiça pela única razão de sua luta. E certamente muitos outros camponeses, lideranças e ativistas indígenas e quilombolas, sempre com processos sigilosos contra eles, processos que ficam guardados contra os quais NÃO TÊM O DIREITO DE DEFESA, e que são utilizados quando as massas que representam rompem as amarras e vão à luta!

Estes são os fatos. E só neste ano, mais de 20.000 (vinte mil) camponeses se levantaram e foram a luta.

José Rainha, Claudio, Luciano e Luzivaldo, como também companheiros e advogados perseguidos e criminalizados são presos e perseguidos políticos, é a ofensiva da reação, que conta com a cumplicidade de “democratas” e silêncio covarde de uma “esquerda” oportunista, corrupta e vendida às classes dominantes exploradoras e opressoras de nosso povo na vã tentativa de parar o levante camponês em curso no País.

Mas se enganam os que pensam ser isso possível, mesmo os que ainda não sujaram as mãos nestas ações odiosas, mas que mantêm silêncio cúmplice.

A luta camponesa não pode ser paralisada nem contida por maior que seja a repressão, só mais ódio e sede de justiça e vingança que se acumula. A Revolução Agrária é hoje uma necessidade premente de todo o povo brasileiro contra a crise geral, econômica, social, política e moral de um sistema putrefato adornado com o véu de “democracia”, no qual entra governo e sai governo, e só se aprofunda, jogando milhões e milhões de brasileiros à miséria e à fome.

Que todos os verdadeiros democratas se levantem pela imediata libertação dos companheiros José Rainha, Luciano Lima e Cláudio Ribeiro, da FNL; pela liberdade para o companheiro Luzivaldo. Pelo fim de todos os processos farsescos contra advogados e ativistas camponeses, indígenas e quilombolas. Pela prisão e desmonte das quadrilhas latifundiárias. Pela defenestração de gerentes de Estado e suas forças policiais que agem a margem da lei para torturar, matar, expulsar de suas terras e prender camponeses e dirigentes de seus movimentos.

Terra para quem nela vive e trabalha!

Viva a Revolução Agrária!

Liberdade para José Rainha, Luciano Lima e Cláudio Ribeiro, da FNL!

Liberdade para Luzivaldo, da LCP!

 

Comissão Nacional das Ligas de Camponeses Pobres

Goiânia, março de 2023

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