Reproduzimos abaixo notícia de autoria de Gabriel Artur, publicada em 10 de março de 2023 em anovademocracia.com.br
Mais um camponês militante da FNL é preso em tentativa de criminalizar luta pela terra
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Em nova tentativa de criminalizar os camponeses que participaram das tomadas de terra na região do Pontal do Paranapanema (SP) em fevereiro, durante o “Carnaval vermelho”, o militante da Frente Nacional de Luta – Campo e Cidade (FNL) Cláudio Ribeiro Passos foi detido em Assis (SP) no dia 9 de março. Cláudio, assim como Zé Rainha e Luciano Lima, presos pela Polícia Civil (PC) de São Paulo na semana passada, permaneceu em seu endereço fixo e não foi considerado fugitivo pela “justiça”. Até o momento de sua detenção preventiva, durante o expediente de seu trabalho, não era de conhecimento público qualquer acusação criminal contra o militante.
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Velho Estado tenta esconder verdadeiro motivo das prisões
Sob a acusação de “extorsão”, porém sem maiores informações concretas sobre como teria se dado o suposto crime, o velho Estado latifundiário-burocrático busca esconder o caráter político das prisões das lideranças e militantes da FNL. O que é impossível de esconder, uma vez que ganhou repercussão nacional, foi a grande jornada de tomadas de terra promovidas pela organização em São Paulo (na região do Pontal do Paranapanema), Mato Grosso do Sul, Paraná e Alagoas que mobilizou 1,4 mil famílias camponesas (cerca de 5.600 camponeses) contra a crise que assola o povo brasileiro. É nesse contexto que as lideranças José Rainha e Luciano Lima, e agora o militante Cláudio Ribeiro Passos, foram presos.
Cebraspo e Abrapo se solidarizam com militantes perseguidos da FNL
Em nota, o Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos (Cebraspo) e a Associação Brasileira dos Advogados do Povo – Gabriel Pimenta (Abrapo), manifestaram solidariedade às lideranças José Rainha e Luciano de Lima e à FNL. As entidades afirmam que veem as prisões arbitrárias com grande preocupação: “[…] O Brasil fabrica presos políticos, pois não garante que as famílias sejam assentadas e trabalhem dignamente pela sua sobrevivência, enquanto as terras são utilizadas para usufruto de poucos milionários, são envenenadas pelo uso intensivo de agrotóxicos e muitas vezes abandonadas pelo esgotamento do seu uso predatório”. “[O velho Estado] responde a mobilização, que é um direito do povo, com polícia e cadeia. Fica vexatório para um país que se diz democrático ver suas instituições como o judiciário e a polícia servirem de criados de mesa do latifúndio”, conclui a nota.