380 famílias do Projeto de Assentamento Alta Floresta resistem contra despejo em Rondônia

Famílias do Projeto de Assentamento Alta Floresta participam de reunião na qual Incra mentiu confirmar adiamento do despejo

DENÚNCIA: DESPEJO TRUCULENTO EXPULSA CAMPONESES E FAVORECE LATIFUNDIÁRIO ERNANDES AMORIM EM RONDÔNIA

Mesmo com adiamento confirmado em reunião virtual da Câmara Nacional de Conciliação Agrária do INCRA, realizada no dia 02 de fevereiro a pedido de três associações de posseiros do local, o judiciário rondoniense deu a ordem para o despejo de 380 famílias do Projeto de Assentamento (PA) Alta Floresta, nos municípios de Governador Teixeira e Campo Novo, em Rondônia. As terras desse assentamento haviam sido griladas pela família Amorim e os camponeses organizados em associações a ocuparam.

A ação foi cumprida por forte aparato militar e foi acompanhada, segundo os relatos dos camponeses, pelo latifundiário Ernandes Amorim e pistoleiros. As massas de camponeses, resistiram derrubando pontes, mas diante do cerco por terra e ar, foram obrigadas a abandonar seus lares, sua produção e suas criações. As famílias, segundo denunciam os camponeses, estão sendo deslocadas e serão amontoadas em uma escola no município de Buritis, mesmo com toda situação de aumento dos casos de contaminação e mortes por Covid-19.

Ernandes Amorim, é ex-senador, ex-deputado federal e estadual, ex-prefeito de Ariquemes e já protagonizou uma série de crimes, relatos inclusive pelos monopólios de comunicação (garimpo ilegal, invasão de territórios indígenas, venda ilegal de madeira, vinculação com o tráfico de drogas, cassação de mandatos por corrupção, agressões físicas, trabalho escravo, etc.), conforme descrito nos links abaixo:

https://www1.folha.uol.com.br/ambiente/2019/10/em-audios-ex-senador-previne-garimpeiros-sobre-fiscalizacao-do-ibama.shtml

http://g1.globo.com/ro/ariquemes-e-vale-do-jamari/noticia/2015/03/ex-senador-de-ro-e-algemado-e-detido-por-tumultuar-manifestacao.html

http://www.mpf.mp.br/ro/sala-de-imprensa/noticias-ro/mpf-ro-move-acao-de-improbidade-administrativa-contra-deputado-federal-ernandes-amorim-e-outras-sete-pessoas-por-fraude-no-inss

https://contasirregulares.tcu.gov.br/ordsext/f?p=105:12:::NO:RP,12:P12_COD_RESPONSAVEL:37529

https://www.tudorondonia.com/noticias/deputados-de-rondonia-processados-ernandes-amorim-ptb-ro,725.shtml

Mesmo com um histórico corrido de crimes contra o povo, sobretudo camponeses e indígenas, o judiciário do velho Estado atendeu, mais uma vez, os interesses de um latifundiário ladrão de terras públicas. O latifundiário, comemorou a decisão do judiciário rondoniense nas redes sociais e caluniando os camponeses como invasores das terras indígenas, quando na verdade, o próprio Amorim é um dos articuladores de garimpeiros e madeireiros que invade territórios indígenas, conforme notícias divulgas pelos monopólios. Um internauta comentou na postagem, que a decisão judicial “vai deixar voltar o garimpo clandestino que havia ali a 10 anos e os sem terras estão lá atrapalhando porque é pra isso que aquela fazenda servia”, desabafou.

As informações e imagens, repassadas pelo advogado dos camponeses denunciam que as famílias estavam sendo removidas de suas casas enquanto eram vigiadas por policiais e guaxebas de Amorim. Segundo nota da CPT, “o Conselho Estadual de Direitos Humanos de Rondônia já havia encaminhado pedido de adiamento, em decorrência da pandemia, em 20 de janeiro, pedindo que fosse evitado “descumprir os atos normativos exarados pelo Governo do Estado que impuseram severas restrições de locomoção, visando conter o avanço da COVID-19 na região. (Ofício nº 201/2021/SEAS-CEDH)”. Camponeses denunciam, ainda, que estão retirando famílias que não constam no lote 1, que é a suposta área do latifundiário, mas de lotes vizinhos.

Ainda segundo a CPT, “O local já foi palco de tensão após acusações de desaparecimento de dois caseiros e ataque de um grupo de pistoleiros, que segundo informações locais, foi realizado por uma milícia comandada por um ex-policial de Buritis conhecido como ‘Zeca Urubu’, em 18 de Julho de 2020. Diversos vídeos e fotografias, que foram divulgados nas redes sociais de Rondônia, denunciaram que diversas pessoas foram espancadas e vários carros danificados a balas.” https://www.cptnacional.org.br/publicacoes/noticias/conflitos-no-campo/5511-adiado-despejo-de-380-familias-em-rondonia

O Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos (CEBRASPO) e a Associação Brasileira de Advogados do Povo (ABRAPO) têm acompanhado toda a situação vivida por essas e inúmeras famílias camponesas em diversas regiões do país e conclama a todos os democratas honestos e defensores do povo a denunciar mais esse ato de violência contra aqueles que querem terra para trabalhar.

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