O “Estadão do Norte” e seu obscuro papel

O “Estadão do Norte” de Porto Velho-RO não se cansa de veicular notícias mentirosas contra a LCP e sempre da única forma que sabe fazer, sensacionalista e escandalosa. Da última vez (19-09-2008) acusou-a de ser uma organização de “guerrilheiros treinados pelas FARC” e que “compram armas com dinheiro da cocaína”. Destilando seu fel contra os camponeses pobres e sua organização e no seu afã de mentir sem limites o Estadão chega ao delírio de afirmar a passagem de Antonio Marins, mais conhecido por Tirofijo, por Minas Gerais, onde a LCP tem suas origens”.

Ou seja, o jornal diz que segundo o setor de “investigações da polícia” o já falecido comandante das FARC, e segundo a imprensa internacional, um dos homens mais procurados do mundo, cercado por todos os lados pelo exército fascista da Colômbia, estaria passeando por Minas Gerais para treinar os membros da LCP.

Continuando sua campanha de mentiras, o Estadão no dia 25 último, em sua coluna chamada Agenda de Repórter, com o pretexto de estar dando a versão dos dois lados, na verdade prática do jornalismo sem ética nenhuma, a jornalista Emília Araújo faz outras tantas acusações sem qualquer vestígio de prova que não seja o de sempre “segundo informações da polícia”.

Em Rondônia, o que não é novidade nenhuma e que todo mundo sabe, é que aqui se vive sob o império de algumas famílias, numa verdadeira associação mafiosa que coloca tudo aos seus serviços criminosos contra o povo, principalmente o mais pobre. Aparentemente são apenas grandes criadores de gado, grandes madeireiros e mineradoras que tem grilado as terras da união e devastado a floresta amazônica no estado. E a imprensa venal e marrom é um de seus principais tentáculos no serviço de desinformar e confundir a opinião pública. Já na imprensa nacional o que sai sobre nosso estado são os escândalos mais escabrosos da roubalheira dos cofres públicos por políticos e as altas cúpulas das instituições do executivo, legislativo e judiciário.

A LCP, mais uma vez vem a público, manifestar sua indignação e desmentir a seus detratores.

A coluna diz que “segundo a polícia a LCP recebe apoio de partidos políticos e da Turquia, além de conseguirem armas importadas via contrabando”. A LCP não possui vínculos com nenhum partido político e o apoio e solidariedade que recebemos pela nossa luta vem de todo o Brasil e do mundo inteiro. Da mesma forma que informamos a todas as organizações de solidariedade de todo mundo o que se passa em Rondônia e no Brasil. Quanto aos partidos no Brasil, o que fazemos é manifestar claramente que somos contra toda essa farsa e grande negócio que são as eleições podres e corruptas do país. Eleições tão “democráticas e limpas” que o povo é obrigado a votar, ao fim e ao cabo, para nada mais que escolher aqueles que vão roubar o dinheiro público durante 4 anos e aprovar leis que entregam as riquezas do país para potências estrangeiras, aumentar impostos e a repressão sobre o povo pobre. Tudo para servir de sustentação ao velho e podre Estado de grandes burgueses e latifundiários serviçais do imperialismo, principalmente ianque.

Quanto à acusação de “contrabando de armas e drogas” a LCP tem um programa e um código de princípios que, como obrigação livremente aceita por todos seus integrantes, orienta nossa prática. Somos uma organização de massas voltada a mobilizar, politizar e organizar os camponeses pobres pelo seu sagrado direito a um pedaço de terra e a se unir com os operários, demais trabalhadores da cidade, os estudantes e intelectuais honestos, os pequenos proprietários e pessoas de bem na luta contra todo este sistema de exploração e opressão. Dentro de nossos princípios combater as drogas é parte fundamental para construir a nova sociedade pela qual sonhamos e lutamos.

Da mesma forma é de conhecimento público que os grandes traficantes de armas e drogas em Rondônia são latifundiários e grandes empresários e que para prosperarem precisam estar vinculados ao Estado e seus políticos e contar inclusive com a cobertura da polícia para assegurar que seus negócios altamente rentáveis não sofram nenhum tipo de ameaça. A pergunta que todas as pessoas de bem se fazem é: por que será que a polícia só prende as bocas de fumo (os traficantes “arraia-miúda”) e nunca pega os tubarões, nunca chega a raiz do problema?

Quanto a “segundo o setor de investigação da polícia a LCP receberia dinheiro dos camponeses”. Ora, a LCP tem dentre seus princípios apoiar-se nas próprias forças lutando pela auto-sustentação. Uma das formas utilizadas para isso é a contribuição voluntária dos camponeses em luta pela terra ou já na posse dela, assim como dos apoiadores e simpatizantes nas cidades, como sindicatos de trabalhadores, pequenos comerciantes. E isto é do conhecimento público, é amplamente difundido em nossas publicações, reuniões e assembleias, inclusive para que alcance seu objetivo de arrecadação de contribuições. Não é preciso, portanto ser do serviço de “inteligência” para saber disso.

Quanto à insistência na acusação de que “a LCP defende a luta armada”, afirmamos que quem pratica a luta armada sangrenta contra os camponeses pobres é o Estado e os bandos de pistoleiros armados pelos latifundiários e acobertados por policiais e outras autoridades. A LCP como organização de massas empenhada na luta pela conquista da terra, o que faz é mobilizar, politizar e organizar os camponeses pobres. Enquanto organização a LCP defende em seu programa o direito inalienável dos camponeses pobres se defenderem de todas as formas que lhes forem necessárias para repelir as agressões, assassinatos e massacres perpetrados contra eles de forma sistemática.

A LCP é uma organização camponesa de luta pela terra e defendemos que diante da total e comprovada falência da “reforma agrária” do Estado, para que os pobres tenham a terra se faz necessário uma verdadeira Revolução Agrária no País. Que ponha fim à concentração e monopólio da terra, a todo latifúndio e distribua as terras aos camponeses pobres sem terra ou com pouca terra. Porque este é o principal problema nacional pendente de solução e que secularmente tem sido a base podre e o sustentáculo de todo este injusto sistema de exploração do povo e de opressão nacional que infelicita, sucumbe e subjuga a nação brasileira. Problema que sem a sua solução cabal não se pode sequer falar de verdadeira democracia para o povo brasileiro e independência nacional.

Por fim e a propósito, sobre todas essas acusações caluniosas e vilanias o “Estadão do Norte”, particularmente seus proprietários, devem conhecer bastante do tema. Embora muitos crêem no conto nazista de “uma mentira repetida mil vezes se torna verdade” é mais sábio o ditado popular que diz “que os fatos são teimosos”. Vejamos então e que se expliquem:

O Sr. Mario Calixto Filho que é diretor presidente do “Estadão do Norte”, apesar de ter sido senador, é mais conhecido por sua quilométrica folha corrida, responde a pelo menos 146 processos na Justiça de Rondônia.

Dos 128 processos a que responde em Porto Velho, 50 são penais (todos referentes a crimes contra a ordem tributária). No interior do Estado, Calixto Filho está envolvido em outros 18 processos. O nome de Calixto também aparece numa lista elaborada pela Polícia Federal para a CPI do Banestado como o responsável por quatro remessas para o exterior, em 1997, que totalizaram US$ 585 mil (cerca de R$ 1,17 milhão em valores atuais).

No processo mais recente o ex-senador por Rondônia Calixto Filho responde pelos crimes de tráfico de influência e formação de quadrilha. Durante a operação Titanic da Policia Federal foram apreendidas em sua casa agendas, que segundo o juiz da 1ª Vara Criminal do Espírito Santo dão indícios de que ele atua como operador de interesses privados ilícitos junto ao Governo do Estado de Rondônia.

Pode-se verificar que, estando em mãos de gente deste tipo, que papel cumpre a imprensa. No presente caso o que está se fazendo é nada mais que uma projeção de tantos crimes tenebrosos contra o povo e sempre ocultados, lançando-os contra esta honrada e combativa organização popular, a LCP – Liga dos Camponeses Pobres.

Jaru – RO, 2 de outubro de 2008

Liga dos Camponeses Pobres de Rondônia e Amazônia Ocidental
Comissão Nacional das Ligas de Camponeses Pobres

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