Um Ato público iniciado na manhã desta terça-feira na Paróquia de Jaru reuniu mais de 300 participantes e entidades de classe e de direitos humanos para denunciar a impunidade contra crimes cometidos contra o movimento camponês em Rondônia.
Estiveram presentes na mesa de debate o Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania (Belo Horizonte) Ir. Oneide (Paróquia João Batista de Jaru), a Liga Operária, o Marreta – Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil de Belo Horizonte-MG, o DCE – Universidade Federal de Rondônia; MEPR – Movimento Estudantil Popular Revolucionário; Movimento Feminino Popular – MFP, Comissão Pastoral da Terra (CPT), e da Associação Brasileira de Advogados Populares (ABRAPO).
O protesto, convocado pelo Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos – CEBRASPO (Rio de Janeiro), Comissão Nacional das Ligas Camponesas e pela Liga dos Camponeses Pobres de Rondônia e Amazônia Ocidental – LCP, após as intervenções feitas na mesa, seguiu-se pela tarde pelas ruas de Jaru.
Segundo manifesto distribuído, “Renato era um grande lutador do povo, dedicou sua vida à luta revolucionária, junto dos camponeses, operários, estudantes e professores. Trabalhou em Corumbiara, na Escola Popular e na luta das vítimas da Batalha de Santa Elina. Em Jacinópolis, participou ativamente das lutas camponesas que transformaram uma área devastada e de pastagens num local cheio de famílias, produção, casas e comércios. Ajudou a organizar os camponeses para construção da escola, estradas e pontes e para a defesa da produção contra as perseguições do Ibama. Participou da organização de Assembleias Populares, onde os moradores decidem sobre tudo o que lhes diz respeito. Era membro da Associação de Produtores do Capivari, área onde morava”.
Perseguição e tortura
A Nota da Comissão Nacional das Ligas Camponesas denuncia: “Um dia após a morte de Renato, a polícia desatou uma campanha caluniosa acusando o companheiro de vários crimes, sem nenhuma prova”. “A PM de Buritis mentiu no Boletim de Ocorrência sobre o dia e a hora em que souberam do assassinato. A PM não preservou o local do crime, não chamou a perícia, não procurou cápsulas deflagradas. Um dia após o assassinato, policiais invadiram sua casa, reviraram tudo, cavaram buracos no quintal, tudo isto sem ordem judicial e sem a presença de familiares ou testemunha. O Exame Cadavérico de Renato só consta a indicação da entrada e saída dos projéteis, nenhuma palavra sobre calibres, e quantas armas correspondiam os 3 projéteis, marcas de tortura ou de tiros a queima roupa. O Inquérito Policial não tem uma linha sequer sobre suspeitos do assassinato, ao contrário, são várias páginas de acusações contra Renato – procedimento típico do período do Regime Militar”.
Estranhamente, no momento da manifestação havia um maior contingente de policiais militares fardados e do serviço reservado da PM e Polícia civil para intimidar. Uma prova concreta de quando se trata de reprimir trabalhadores o suposto Estado Democrático de Direito não funciona, a polícia realiza todo tipo de abuso de poder semelhante com o que ocorreu no período de ditadura militar. O que há na verdade é uma mesma ditadura contra o povo, disfarçada de democracia.