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Polícia e bandos armados aterrorizam camponeses em Rio Alto

No dia 7 de julho um bando armado de cinco pistoleiros a mando do latifundiário Dilson Caldato fez três camponeses reféns nas proximidades do acampamento Rio Alto, região de Buritis. Os camponeses ficaram presos na mata durante mais de seis horas, tiveram suas mãos amarradas com cordas e sofreram espancamentos. Mesmo tendo sido violentamente agredidos e humilhados os camponeses não forneceram informações sobre as lideranças do acampamento.

No outro dia policiais civis e militares de Buritis estiveram no acampamento em três viaturas para realizar busca e apreensão de armas. Este é um velho e surrado método utilizado pela polícia em Rondônia, pois visa garantir que as famílias estarão totalmente indefesas diante dos ataques de bandos armados do latifúndio.

Os camponeses reconheceram vários policias que estiveram “trabalhando” junto com pistoleiros da fazenda. Claramente foi uma operação coordenada entre latifundiário e policiais para preparar um ataque ao acampamento. A polícia não encontrou armas no local, mas para não perder viagem prenderam dois camponeses que estavam numa estrada próxima. A história da luta pela terra na região é rica em exemplos de como policiais e delegados recebem dinheiro de latifundiários e atuam ao arrepio da lei.

Os policiais não tinham mandado de busca sendo que a ação foi totalmente ilegal e com claro intuito de defender os interesses do latifundiário e grileiro de terras Dilson Caldato que negociou ao todo mais R$ 1,5 milhão de madeira de planos de manejo falsos com o vice-prefeito de Buritis. Se depender das famílias vão perder tudo!

As terras em que as famílias estão acampadas foram destinadas ao Projeto de Assentamento Rio Alto com 730 lotes, mas foram griladas pelo latifundiário que conta com a cobertura do Incra para regularizar o grilo ilegal. O Incra é cúmplice pois durante anos seus funcionários permitiram e colaboraram com a grilagem das terras, e agora que os camponeses tomaram a área estão fazendo de tudo para expulsar as famílias.

Em reunião recente a Dra. Márcia do Incra disse que não se importava caso os camponeses fossem assassinados pelos guaxebas. Este é o sujo papel de polícia do Incra: desmobilizar as famílias que lutam por terra, criando intrigas, dividindo os camponeses, manipulando lideranças oportunistas e mapeando lideranças combativas.

As famílias estão decididas a resistir e se defender dos ataques covardes da polícia, latifúndio e seus bandos armados! Hoje o acampamento conta com 150 pessoas que já iniciaram o corte das terras e não vão arredar um passo sequer. Já expulsaram o latifundiário e seu bando armado da área uma vez e expulsarão quantas vezes for preciso para conquistar a terra, até a vitória definitiva das famílias!

Repudiamos a polícia e os bandos armados que aterrorizam os camponeses com sequestros, espancamentos, torturas e interrogatórios!

Responsabilizamos o Comando da Polícia Militar de Rondônia pela atuação de policiais em bandos armados e por qualquer ataque que venha acontecer aos camponeses que estão lutando pelo legítimo direito à terra. Responsabilizamos o superintendente do Incra por acobertar a grilagem de terras do Projeto Rio Alto.

Exigimos das autoridades a apuração imediata das denúncias e punição dos responsáveis.

O povo quer terra, não repressão!
Tomar, cortar e entregar todas as terras do latifúndio aos camponeses pobres!
Viva a Revolução Agrária! Morte ao latifúndio!

LCP – Liga dos Camponeses Pobres de Rondônia e Amazônia Ocidental
Comissão Nacional das Ligas de Camponeses Pobres