Polícia e bandos armados disparam centenas de tiros contra camponeses

1. No dia 12 de julho às seis horas da manhã o latifundiário Dilson Caldato junto com um bando armado de vinte e cinco pistoleiros atacaram o acampamento Rio Alto a cerca de 25 km da cidade de Buritis.

2. Foram realizados centenas de disparos de armas de grosso calibre contra o acampamento. Os disparos continuaram por mais de 40 minutos inclusive com rajadas.

3. As 120 famílias, homens, mulheres e crianças indefesas se protegeram dos disparos se retirando para uma estrada próxima. Um camponês de 17 anos foi atingido com um tiro nas costas e vários foram espancados. O latifundiário Edilson Caldato e seus pistoleiros atearam fogo nos barracos queimando todos os pertences das famílias que ficaram apenas com a roupa do corpo. Os camponeses ainda foram saqueados pelos pistoleiros que levaram cinco motos, enxadas, foices, utensílios domésticos e objetos pessoais. 

4. A polícia militar de Buritis foi ágil para defender os interesses dos latifundiários, pois no dia 7 de julho já havia realizado operação de busca e apreensão de armas no acampamento sem que houvesse mandato judicial. Nada foi encontrado. Na ocasião havíamos denunciado este velho e surrado método utilizado pela polícia em Rondônia, pois visava garantir que as famílias estariam totalmente indefesas diante dos ataques de bandos armados do latifúndio. Sem falar nos policiais que prestaram serviço de segurança na fazenda e que foram reconhecidos pelos camponeses, um deles se chama Zé Maria e participou dos ataques contra o acampamento.

5. Depois do ataque do dia 12, policiais demoraram mais de duas horas para chegar ao local, apenas quatro soldados estiveram na sede da fazenda e disseram que não haviam pistoleiros, apenas o latifundiário.

6. Ao se retirarem do local deram uma rajada de tiros por cima das famílias e gritaram “não tem pistoleiro lá”, num claro intuito de ameaçá-las. Na estrada a viatura em alta velocidade atropelou propositadamente um jovem camponês de 16 anos. Um dos policiais ainda desceu da viatura e passou a agredir o rapaz machucado com chutes e socos na cabeça.

7. A imprensa sustentada com dinheiro dos latifundiários como sempre não publicou uma linha sobre o assunto, ao contrário do que fazem quando se trata de defender latifundiários assassinos usando de mentiras e ataques virulentos contra os camponeses que lutam por seu sagrado direito a terra.

8. O latifundiário Edilson Caldato grilou estas terras que são destinadas ao Projeto de Assentamento Rio Alto e quer expulsar as famílias a todo custo, pois já negociou R$ 1,5 milhão de madeira de planos de manejo falsos com o Correia, vice-prefeito de Buritis.

9. Em maio, no início da operação Arco Verde a Força Nacional de segurança apreendeu cargas de madeira ilegal na área, o latifundiário não foi multado e muito menos preso. A mesma Força Nacional atua com o Ibama em Rio Pardo e já aplicaram mais de 40 milhões de reais em multas contra camponeses pobres.

10. O Incra e a Ouvidoria Agrária são os principais culpados pelos ataques sofridos pelos camponeses pois não fizeram nada para expulsar o grileiro das terras, e ainda o estimularam a atacar dizendo que não se importariam caso os camponeses fossem mortos pelos pistoleiros. Palavras da Dr. Márcia, representante da Ouvidoria Agrária em Rondônia.

11. Há muito temos denunciado a preparação deste ataques pelo latifundiário em conluio com políticos da região, policiais militares e civis e funcionários corruptos do Incra. Os pistoleiros já haviam sequestrado, espancado e torturado alguns camponeses. Nenhuma medida foi tomada pelas autoridades. Nada foi feito.

12. As famílias continuam acampadas nas proximidades da área e sofrendo ameaças de todo tipo dos pistoleiros, mas não desistirão das terras. Já estão se reorganizando para tomar de novo as terras.

13. Conclamamos a todos os trabalhadores, estudantes, intelectuais honestos, professores, pequenos comerciantes e apoiadores a denunciar estes crimes contra os camponeses. E a se solidarizar com a luta das famílias do acampamento Rio Alto.

14. Exigimos punição ao bandido e grileiro Edilson Caldato e seu bando armado! Punição aos policiais envolvidos nos ataques covardes e criminosos! Punição aos funcionários do Incra envolvidos na máfia de grilagens de terra na Amazônia!

Tomar, cortar e entregar todas as terras do latifúndio aos camponeses pobres!
Viva a justa rebelião dos camponeses!
Viva a Revolução Agrária! Morte ao latifúndio!

LCP – Liga dos Camponeses Pobres de Rondônia e Amazônia Ocidental
Comissão Nacional das Ligas de Camponeses Pobres

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