Polícia Militar faz rondas arbitrárias em áreas

No último dia 18 de janeiro, policiais militares despejaram mais de 50 famílias camponesas do Acampamento Nova Estrela, na fazenda Nicomar, na linha C 35, no município de Ariquemes. Estes trabalhadores acamparam provisoriamente num local próximo, no barracão da Assembleia da área Renato Nathan 2. Desde então, estes camponeses, assim como as famílias das outras áreas vizinhas Canaã, Raio do Sol e Renato Nathan 2 estão sofrendo com abordagens arbitrárias de policiais militares e do GOE – Grupamento de Operações Especiais. Homens em carros e caminhonetes também passaram fotografando e filmando o acampamento provisório, provavelmente são pistoleiros a mando do latifundiário Osvaldo Nicoletti, que se diz o dono da fazenda Nicomar.

1-Viaturas da PM fazem rondas arbitrariasVárias viaturas circulam de dia e de noite nas estradas e vigiam as entradas das áreas, abordam quem passa, fotografam o rosto das pessoas e os veículos. Camponeses conseguiram anotar as placas de duas viaturas: MCC 9832 e NCB 5241. Policiais fizeram 3 batidas num mercadinho local, numa delas, ameaçaram prender um cliente se o pegassem lá numa próxima vez. Abordaram um outro camponês do Canaã, mandaram-no sumir, caso contrário ele seria preso e sua moto apreendida. Entraram no lote de uma família da área Renato Nathan 2 fotografando a moto e o camponês, como este os interpelou de forma dura, os policiais se intimidaram e disseram que não tinham nada contra sitiantes, mas ficariam nas áreas enquanto as famílias do Acampamento Nova Estrela estivessem acampadas. Isto significa que a PM está fazendo segurança privada para o latifundiário Osvaldo Nicoletti. Apreenderam 2 motos, de 2 famílias pobres, por estarem com documentos atrasados, uma delas estava parada e foi comprada recentemente pelo camponês para transportar sua produção de leite até o tanque resfriador, distante cerca de 5 Km de sua casa. Será que alguma viatura transportará o leite desta família agora?

Transporte de leite depende de motosEstradas precarias da área Canaa

Um camponês tem que suar duro, de sol a sol, toda a família, incluindo as crianças, para juntar dinheiro para comprar uma moto. É claro que na maioria das vezes, ele só consegue comprar veículos com impostos atrasados. A maioria não consegue tirar a habilitação pelo preço abusivo. Nenhum camponês dirige sem habilitação ou atrasa o pagamento de impostos de seus veículos porque quer, e sim porque não tem condições. Quem mora na cidade não tem conhecimento, mas a vida e trabalho dos camponeses é dificílima: não tem apoio de “governo” algum, não tem maquinário, financiamentos, assistência técnica, uma política de preços mínimos justos, regularização de suas posses, as estradas são péssimas, os atendimentos médico e educacional são precários.

Triturador manual feito por familia que teve moto apreendidaReconhecendo estas dificuldades, o Dr. Raphael, procurador do MPF – Ministério Público Federal condenou apreensões de veículos nas áreas de posseiros e nos assentamentos durante um ato público realizado na Unir – Universidade Federal de Rondônia, em fevereiro de 2015.

Apesar de Lula ter sido eleito prometendo fazer a “reforma agrária”, o gerenciamento petista, nos últimos 13 anos assentou menos famílias que o bandido FHC / PSDB, diminuiu a desapropriação de latifúndios improdutivos, aumentou a concentração de terra, o financiamento de latifundiários e o assassinato de lideranças, camponeses e indígenas em luta pela terra.

Para o governador Confúcio Moura / PMDB, para o novo comandante da PM Ênedy Dias de Araújo, para a “justiça” todos estes absurdos podem ocorrer, é normal, é desenvolvimento, é “Paz no campo”. Mas camponês não pode andar sem habilitação e com documento do veículo atrasado, não pode lutar pelo direito de um lote para nele viver e

trabalhar.

O que a Polícia Militar do governador Confúcio Moura / PMDB, e do coronel Ênedy Dias de Araújo está fazendo nas áreas vizinhas ao Acampamento Nova Estrela é o mesmo que está fazendo na vizinhança do Acampamento Paulo Justino, no município de Alto Paraíso, e da área de posseiros 10 de maio, no município de Buritis: blitz e abordagens violentas e arbitrárias, conivência e atuação conjunta de pistoleiros a mando de latifundiários contra camponeses vizinhos a acampamentos e áreas de luta pela terra. Promovem um verdadeiro clima de terror nestes locais. Latifundiários pagam pistoleiros para cometerem crimes contra o povo e depois falam quem é briga entre camponeses. Tudo isso prova que há uma política de Estado fascista contra a luta camponesa em Rondônia, especialmente no Vale do Jamari. Urge a mobilização, denúncia e apoio concreto por parte de movimentos, entidades e personalidades democráticas de todo o país.

Lutar pela terra não é crime!

Terra para quem nela vive e trabalha!

Fora Ênedy e Confúcio Moura fascistas!

LCP – Liga dos Camponeses Pobres de Rondônia e Amazônia Ocidental

Jaru, 26 de janeiro de 2016

image_pdfimage_print