Em Corumbiara famílias se organizam para retomar a área Manoel Ribeiro

Nelinho - 1995
Manoel Ribeiro, conhecido como Nelinho assassinado em Corumbiara em 1995

No final de dezembro de 2018, cerca de 50 famílias camponesas, lutando para conquistarem um pedaço de terra para viverem e trabalharem com dignidade, tomaram a fazenda ZC, no município de Corumbiara, no cone sul de Rondônia. Mais de dois meses antes, as famílias já estavam se mobilizando e organizando para esta luta. A fazenda em questão, faz parte do complexo Seringal Santa Elina, palco do heroísmo de centenas de camponeses contra crimes hediondos cometidos por latifundiários, pistoleiros e policiais.

Os camponeses batizaram o acampamento de Manoel Ribeiro, em justa homenagem ao apoiador da heroica resistência camponesa em Santa Elina, em 1995, assassinado no mesmo ano por pistoleiros a soldo do latifúndio da região. Nelinho, como era conhecido, era vereador de Corumbiara; apesar de sua ilusão de conseguir algo para o povo pela participação nas instituições corruptas do velho Estado, ele era diferente dos politiqueiros carreiristas, pois era combativo e tinha um compromisso sincero e desinteressado com o povo e com a luta pela terra e justamente por isso foi covardemente assassinado.

Repressão não vai parar a luta pela terra

Gustavo José Simoura

Em janeiro deste ano, o acampado Gustavo José Simoura, foi assassinado e seu corpo jogado dezenas de quilômetros distante do acampamento Manoel Ribeiro. Os acampados acreditam que ele foi assassinado por pistoleiros a mando de latifundiários da região, pois várias testemunhas afirmaram terem visto Gustavo ser parado na estrada por pessoas numa caminhonete preta, horas antes de ser assassinado. Camponeses afirmam ainda que um veículo com as mesmas características já foi visto na sede da fazenda ZC. Familiares dele afirmaram que o corpo tinha marcas de tortura.

A fazenda ZC – lote 100, da linha 155, Setor 110, da Gleba Corumbiara – tem mais de 900 alqueires (2.023 ha) e segundo os acampados, foi grilado pelos fazendeiros Zerfeso Marangoni e Rosane Klosinski Baioto Marangoni, de Vilhena. Mesmo assim, no último dia 09 de janeiro, a “justiça” de Cerejeiras expediu um mandado de reintegração de posse em favor dos fazendeiros. No início de fevereiro a polícia cumpriu a ordem e despejou os acampados.

Gustavo José Simoura (em destaque), durante ato de homenagem ao companheiro José Pimenta, na Área Revolucionária Renato Nathan, em Corumbiara, em outubro de 2018

Mas os latifundiários e seus agentes no velho Estado enganam-se pensando que com assassinato, despejos e perseguições pararão a luta pela terra. O latifúndio é o que existe de mais atrasado em nosso país: são ladrões de terra, assassinos de indígenas e posseiros, um dos pilares de sustentação da dominação do imperialismo sobre nossa nação, ocupando a maioria das terras para produzir para exportação, com financiamentos públicos, sem pagar impostos e destruindo o meio ambiente impunemente.

As famílias do acampamento Manoel Ribeiro estão decididas e se organizando para retomar as terras, como parte da luta histórica pela retomada de todas as terras da antiga fazenda Santa Elina para os camponeses. Clamam por apoio a todos camponeses, trabalhadores da cidade e do campo, democratas e aproveitam para convidar toda família sem terra ou com pouca terra para se somarem a esta luta.

Toda Santa Elina será dos camponeses!

Terra para quem nela vive e trabalha!

Companheiro Manoel Ribeiro, presente na luta!

Companheiro Gustavo José Simoura, presente na luta!

image_pdfimage_print