Famílias Camponesas resistem a despejo em Alagoas

No dia 23 de novembro a tropa de choque de Alagoas foi acionada para fazer cumprir a determinação judicial do juizado da vara agrária, onde ordenava a expulsão de famílias camponesas, dos latifúndios Pedrinha e Vieira na cidade de Capela-AL, e a total destruição de suas lavouras. Mas nem as tropas nem o juizado imaginavam que encontraria os camponeses prontos para resistir em nome do suor derramado na terra trabalhada.

Entrincheirados por trás de uma barricada de cana-de-açúcar e pneus, os camponeses propiciaram uma audiência forçada no meio de uma das estradas de acesso a zona rural de Capela-AL. Depois de idas e vindas, os oficiais comunicaram os autos dos processos e tentavam a todo custo impor a retirada das famílias sem direito sequer a colher os produtos cultivados em suas lavouras. Então, durante as negociações, cheias de palavras de ordens e canções da lutas declamadas pelo povo, os camponeses firmaram que, tendo em vista a retirada estratégica eminente, colaborariam com a retirada, mas não desistiriam da conquista da terra em questão, desde que o latifundiário se comprometesse em não mexer nas lavouras até que fossem colhidas no prazo Máximo de 90 dias. Apesar da má vontade por parte do latifundiário e do estado em firmar um acordo deste tipo, a reação aceitou amargamente a exigência camponesa.

Como a legislação fajuta burguesa “obriga” o estado a amparar as famílias auxiliando com transporte, lona e cestas básicas, coisa que quase nunca acontece, os oficiais trataram de proporcionar a locomoção dos camponeses para outra área. A prefeitura de Capela-AL que sempre negou o atendimento as necessidades sociais dos camponeses pobres de Pedrinha e Vieira, exemplo saúde e educação, disponibilizaram com todo o prazer 5 (cinco) caçambas, que são utilizadas para transportar o lixo da cidade, para fazer a mudança das famílias. Após ameaça de serem incendiadas, as caçambas foram descartadas do processo.

As famílias se deslocaram para outra área pertencente ao mesmo complexo latifundiário da falida Usina João de Deus em Capela-AL, a fazenda Pitombeira. A Pitombeira por muitos anos foi uma das áreas mais produtivas da região alagoana, durante o período em que os camponeses da Liga Camponesa à ocupavam, antes da truculenta desapropriação fascista que destruiu as casas de taipa e boa parte das lavouras destas famílias.

A luta continua e a resistência das famílias camponesas de Capela-AL demonstra que a compreensão da revolução agrária é maior do que se pensa entre a massa. O desprendimento das conquistas imediatistas faz com que o povo perceba que “fora o poder tudo é ilusão!” e que a cada dia com cada resistência avançamos na luta pela conquista final.

Viva a Revolução Agrária!

Terra para quem nela trabalha!

LCP – Liga dos Camponeses Pobres do Nordeste

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